2.10.09

Bem sei que o primordial objectivo da criação do “blogue-em-questão” nada teve que ver com a minha esposa, contudo esta mão - alvoroçada por vingar um dedo anelar estrangulado durante décadas – não olha a intentos e, como tal, nesta publicação garante fazer de sua justiça.
Pois é, pois é… esta senhora… esta velhinha ou velha ou carcaça (sei lá o termo certo para definir esta mulher inefável) meteu-se-lhe na cabeça que - decorridos quarenta e oito anos de carências afectivas recíprocas - somos agora um casal muito romântico. Obviamente que não lhe levaria a mal, não fosse eu conhece-la de ginjeira e ter em consciência as suas segundas intenções: mostrar aos novos hóspedes o quanto somos felizes.
É pois em nome de aparências, que agora, sou obrigado a andar de mão dada, na rua, com a senhora romântica – parecemos uns autênticos pombinhos adolescentes… Que coisa ridícula!
Outra coisa que me tem atormentado imenso, nestes últimos dias, é ter de lhe beijar constantemente.
- Dá-me uma beijoca crido – suplica-me em voz trémula de velhice.
E eu, para não ter de ouvir mais uma das suas birras, beijo-a na face.
E ela:
- É na boca!
Então fecho os olhos, tento imaginar que estou defronte de uma jovial beldade, alcanço-lhos lábios… mas a única coisa que me vem à cabeça - quando sinto um repugnante buço picar-me as ventas – é que estou a beijar um homem…

P.S. Para o próximo post prometo um poema.

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