4.10.09

Superficialidades...

Aqui têm o prometido poema, que vai de encontro à temática do "blogue-em-questão": as diferenças geracionais dos ditos velhos e novos. Estes versos são a tentativa obstinada do retrato dos nossos tempos, e das novas gerações, traçado por alguém que, outrora, conheceu um mundo bem melhor e que hoje vê autenticidade, e os bons valores, das pessoas, sumirem-se paulatinamente na espiral das superficialidades.

"Superficialidades"

De súbito encalhámos
em escolhos de devaneios…
Do exibicionismo que herdámos
somos meros rebanhos.
Na ilha da alienação,
todos somos felizes
reféns,
cercados na ilusão
que o prestigio
são os bens.
E em floreados
trajes brejeiros,
desfilamos contra
uma vós,
preconiza que:
o corpo é
passageiro
e a alma somos
nós!

2.10.09

Bem sei que o primordial objectivo da criação do “blogue-em-questão” nada teve que ver com a minha esposa, contudo esta mão - alvoroçada por vingar um dedo anelar estrangulado durante décadas – não olha a intentos e, como tal, nesta publicação garante fazer de sua justiça.
Pois é, pois é… esta senhora… esta velhinha ou velha ou carcaça (sei lá o termo certo para definir esta mulher inefável) meteu-se-lhe na cabeça que - decorridos quarenta e oito anos de carências afectivas recíprocas - somos agora um casal muito romântico. Obviamente que não lhe levaria a mal, não fosse eu conhece-la de ginjeira e ter em consciência as suas segundas intenções: mostrar aos novos hóspedes o quanto somos felizes.
É pois em nome de aparências, que agora, sou obrigado a andar de mão dada, na rua, com a senhora romântica – parecemos uns autênticos pombinhos adolescentes… Que coisa ridícula!
Outra coisa que me tem atormentado imenso, nestes últimos dias, é ter de lhe beijar constantemente.
- Dá-me uma beijoca crido – suplica-me em voz trémula de velhice.
E eu, para não ter de ouvir mais uma das suas birras, beijo-a na face.
E ela:
- É na boca!
Então fecho os olhos, tento imaginar que estou defronte de uma jovial beldade, alcanço-lhos lábios… mas a única coisa que me vem à cabeça - quando sinto um repugnante buço picar-me as ventas – é que estou a beijar um homem…

P.S. Para o próximo post prometo um poema.

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